sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Felicidade número 1

A Deusa estava manchada de sangue.
Ao seu lado direito, uma circunferência cortada ao meio e uma folha seca faziam as vezes da mão carinhosa de um guerreiro. Atrás, a cortina vinho mancha seus sonhos. O céu repleto de nuvens inebria sua mente, e o mar: amar?
Lembranças, memórias e recordações de um vento, que sussurra seu canto cor tarântula para longe, cortaram a sua cabeça.
Como um toso na galeria da história, a Deusa urge para que alguém a acorde e mostre o absurdo de seu sonho, mas eu, sozinha na América, contemplo sua dor, fundo minha dor à dor algodão doce do mundo.
A moça acorda e diz: Esse é o dia mais feliz de minha vida!
Sua mãe já havia preparado o café da manhã: frutas, queijos e pães: fibra, proteína e carboidrato, todos os ingredientes necessários para um dia de emoções, lágrimas e suor. A mãe urde para que não se atrase, pois havia horário marcado no salão de beleza, ela, em contrapartida, olha para o teto, vê o branco de parede e lembra a brancura de seu vestido. Não só de seu vestido, mas de sua vestimenta diária no hospital. Ontem, uma criança havia morrido em suas mãos: um tanque cheio de água suja caiu em sua pobre cabeçinha e arrebentou a caixa craniana: ela ainda chorava por sua mãe, banhada pelo sangue. Ela ainda chorava pelo menino, banhado de sangue. Ela ainda chorava pelo uniforme, banhado de sangue.
Em passo de tartaruga, a moça apanha a rosa vermelha deixada no chão com um bilhetinho branco:
“Vou fazer de você a mulher mais feliz do mundo!”
A moça sorri, acaricia a rosa e desce as escadas de mármore da casa. Chega ao ponto mais baixo, vira a direita e, onde há uma cortina cor de vinho, e espia o jardim. As folhas das árvores estão secas, o vento está bastante gelado e o jardineiro não veio. Está tudo muito sujo, mas ela sorri assim mesmo. Chegando a grande cozinha, observa sua mãe: uma mulher de cinqüenta e oito anos, com uma cabeleira vasta, tingida de loiro, suas pernas fortes e musculosas delineadas pela musculação lembram as de um atleta, sua barriga é flácida, mas isso por causa do regime que fazia diariamente.
Bom dia, Atena. Hoje é o dia mais feliz de sua vida!
A moça sorri. A moça agarra um pêssego e o cheira. A moça para e pensa, você bem que poderia ter-me dado o nome de Afrodite, assim eu teria como enlouquecer o Ulisses na cama hoje.
Sentando na cadeira de madeira com forro de mármore, sentando-se à mesa na sua frente e bebendo vagarosamente o suco de maçã e morango, pare com besteiras, menina. O Ulisses fica excitado só de vê-la com aquele uniforme horroroso, manchado de sangue.
A gatinha roça nos pés da moça que a coloca em seu colo. Sua brancura é macia, sua coleira anti-pulgas brilha quando um raio de sol rompe as nuvens, esbarra no vidro da cozinha e atinge o pescoço da gatinha. Branca e vermelha. Sua gatinha! Nini! Sai de cima, não posso ficar cheia de pelos hoje. Vem, vem, sua mãe pega a gatinha e a acaricia. A gatinha gostosa e gorda dome como quem sorri.
Gostoso esse queijo. Esse pêssego então, divino. Quero mais pão de forma. Pare de comer filha, você não quer que o Ulisses case com uma gorda desengonçada. Claro que não. Sai da mesa, volta para o quarto e coloca um vestido largo com flores brancas. Primeiro vê sua imagem no espelho, é magra, mas tem imperfeições. Será que o Ulisses repara? Será que ele pensa em outra quando fazem amor? Não pensa mais nisso. Coloque a roupa e vai ser feliz.
Desce as escadas, beija sua mãe com um selinho nos lábios. Entra em seu Celta prata. Cruza a Rebouças e chega ao Salão.
Chegou a felizarda!
O cabeleireiro a beija, a manicure a beija e a depiladora a beija. Primeiro a depilação. Tira a roupa e vai deitando debruço. O procedimento é dolorido, mas tudo é aliviado pela brisa do ar condicionado que deixa mais relaxada.
Depois, a massagem. Fecha os olhos e pensa que é o Ulisses, o massagista a deixa tranqüila, suas mãos têm um óleo com aroma de pêssego. A grande hora chega: o vestido, o cabelo e o buquê. O cabeleireiro capricha, mas ela quer que ele deixe tudo solto, apenas com uma faixa na testa e um laço na parte de trás: ele faz duas tranças, prende para trás e prende com um fininho laço branco. Olhando-se no espelho, vê toda a vida que quer:
Serei feliz:
Filhos, gêmeos de preferência. Uma casa no Jardim Europa, um carro na garagem, amor todas as noites e um consultório pediátrico na Rebouças. Tudo o que queria: o que mais poderia querer? Sim, como não, uma casa de veraneio na Ilha Bela.
Estava bela, com seus cabelos de deusa, com seu vestido grego e com seu buque de rosas vermelhas. Entra no carro, seu pai sorri: você está linda e radiante.
O motorista os leva até a igreja onde tudo acontecerá. Ela segura forte a mão de seu pai que apenas sorri. Fique tranqüila. Um menino de rua olha bem fundo nos seus olhos ao pedir um troco no farol e exclama: Não importa, a senhora está uma gatinha.
A igreja da Cruz torta a espera, foi reformada. Sobe as escadas, e ao som de Ave Maria dá os primeiros passos no carpete vinho. Há folhas secas pelo caminho. Ulisses está lindo. O céu está lindo, a brisa está linda.
Uma das pilastras se desprende do teto, ela não percebe. Cai: sua cabeça é decepada, sai rolando. Ulisses sai correndo, não sabe qual das duas partes deve acariciar e se senta chorando ao lado da parte superior de seu corpo. Seus olhos estão fechados, seus lábios encerram um sorriso e seus cabelos permanecem intactos. Chora, chora e chora.
Lágrimas, suor e sangue, bem demarcado no seu olho direito.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Absurdity

The intermittent shivers of a shiftless self sells herself by the seashore. That is so pathetic, the interval of the face of the Earth, the pointless point positioning itself by the partition of parcel. We sing the same tune, it is true, although the faces of those long forgotten by the moonlight keep repeating that rambling over the humble sounds of roars. All of this, you see, all of this is a rather ruthless waste of time, money and preciousness, for history, flow, tide, sea, people in the dark still keep going and remembering not to forget. There is a particular, principal, perennial, perpetual moment I cannot put off my precocial mind: your eyes. I feel obliged by the orbit of the ongoing ovinies that overlap over my head in a song and dance of absurdities. Close my eyes, cause my unconscious casualties to conjure up the convent we are going to marry: yes, the extra terrestial beings told me we are to be together. They took my hand, shook it to the sound of the thunder and cast a spell over my body which will make you come back to me.
You see, again, I am daydreaming, I have lost my imagination and my hope. Please, I just say, beg and hay, come back to me, my dear.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Drone

Hello, how's the craic? Take a pew. Would you be after a cup of tea? Or maybe a pint would suit you better? I dun't know if doing what I'm doing noi is just becouse it brings mi miself nearer you, or nearer me, or nerer both. Wherever u go there's a devilll. True enough, but the wind is always at mi back and the sun shine warm upon mi fields, and until we meet again, God will hold me in the palm of His hands, for sure, for better, against my better judgement, actually. But your voice, your presence is here I'm hounded by ior presence... But enouf of this shibboleth, I have better things to do, to occupy myself with. Like this honey whose bed is just beside me, I feel tempted to mirror miself in its mirror until I find a way to drown miself in this ocean of green seeds that would take me to the Emerald... Emerald... Emerald... yes, I dunno if I'm doing this for miself or fur yurself, I just know I'm doing, please don't leave, my eyes are gazed with despair, so I unpair miself, miself, miself: YOURSELF. I want to find you, be wit you, but you see, there is nuthing so difficult as the dope of a doze off in the middle of the dream. Not dreaming, daydreaming, a drone whose task is to digg, dig in heels, digg in history, digg in dreams. Once I could have gone as far as to say that I wouldn't care abouit you and simply move on. I'm stuck you see, you are more, much more, more, more... and mi... just miself....

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

The Encounter

I'm tittering on the brink of a sensational wonder: my feet are off the ground and my eyes are way above the clouds. I can see the birds wriggling along their path, whatever that might stand for, and flogging the air in a silver lining of dust and despair. Onset of a war, cannon balls struggling their way to me, Soviet and Nazi tanks bombing the sky and I remain still, I stay put, I dig in my heels in the wind. I look down, my misery, my fall. I walk through nauseating svelte rotten bodies and flowers tainted with the sweet smell of pornography. I step along gateways angels fear to tread and bump into it: ash coloured eyes, lovely hands, despicable enchanting sense. "I love you", I buzz in a corroborative way. It invites me to climb up the stairs of desire. Side by side, hand in hand, step by step, bit by bit: I touch its lips and it crows victoriously, as the tanks take flights, as the birds bear the blame of my my never-ending decadance. "I know that I'll love you". A sentence floating in the strings of a dissonant piano: who dare bitch about that? Who ventured that? Who is affirming that? Is it me? Is it it? The top, the summit, the zenith: we are there, under the gound, hidden like two flocks of sheep, waiting for the fox to devour our intimate itinerant intentions - "hold on tight, grab my hand, donnot let me go", it insists. The gigantic beast shows up, in a purple song of farewell, it bids it to go, they revolve in a puddle of opium and delusion. I do not care, I drink their liquid and feel everything: the child crying, the woman giving birth, the malnourished begging, the hopless sobbing, the madwoman in the attik, bats in the belfry and carry on. Indeed. Carry on. Taken my the notes of a simple do, I'm offered a lift on the wings of an eagle, or is it a falcon? Probably a falcon. mingle myself to its softness and softly pearches in its hand: it grins. He smiles: "Welcome home, I was anticipating your arrival, you are mine, for ever. Hello, my life", I beam.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Boxing, poetry and love

"Live the questions now": this is indeed one of the wisest pieces of advice I have ever read in my life. It is as deep as the rain pouring in a Sunday morning or the hand of a clock, tickling the tickler of time. No, this is not an English mistake my darling, I do have the Certificate of Proficient English by Cambridge. Would they approve of my writing? The un and in conscious mass of botch that I make out and of Shakespeare's language. Nevertheless, trying to "win the confidence of what seems poor" I do wish to hinge on a single wasp that has bitten me today: boxing, poetry and love. What do these three instances have in common? What most readily comes to my mind is the theme of hope, of holding a single thought of truth in spite of everything, and mainly, in spite of the lies that are constantly repeated to you through despicable mouths made of blood and crippled souls. Actually, when a fighter punches his fellow it is not for the sake of violence, it is the sake of defence. Defence of movements, of body and of ideals. How about poetry? Indeed a punch: who does not gasp when hears the unexpected surge of energy that stems from lines such as "Oh Lord, how fool these mortals be", or even, "Love is anterior to life and posterior to death". Aren't those hard punches that reach the core of one's stomach and bring back vomits of blood and left overs of food? Indeed, boxing and poetry are connected are intertwined by a single mode of expression: vomit, left overs, things you would rather not mention, or simply expel from your body; but they do come back and demand an answer in return. And what's love has to do with it? Everything my darling, it is the very essence of our existence, the honey the wasp does not produce, the stain of a bee: what punches, what bleeds and what is brought back, everything at once. Withot stop, without break, fast as the sound of the wind all over the moon in the evening. All these to say I do believe in people and I do believe in hope. I do believe the words that have been addressed to me and the music they have provoked: the divine cadence of questions and of looking up to hope, the belief there is somethin better in store not only for me, but for the world. Am I dreaming? Absolutely, but this makes sense - such as a pair of green eyes I have caught a glimpse.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Each man kills the thing he loves

"Yet each man kills the thing he loves... the brave man with a sword!" This is indeed a consolation, my dear Ulysses, thy sweet Penelope stills yells to the awe and the water hidden beneath the recesses of a desolate beach. As the waves disclose an ominous fog of death and despair, I still sing an everlasting song of pain for your loss. Actually, such was never effected, however I do miss you as if we had endured a long battle of Troy and a fool love, I have yet to touch your face, nevertheless you have refused me as a bitter poison, something that would keep you out of your sorts and wits. Forgive me I pray thee, do not know why should I, but I do pray for thy pardon for thy pity even though I am the one who is supposed to be asked for amnesty. Art thou going to read these crooked words? Written in the sahpe of a dream? Or the left overs of an utopian dream? How would I dare to have thy eyes laid on me again (or for the first time). What would I not venture to lose just to have "The Pleasure that abeith for a Moment", I would indded risk to transform "The Sorrow that endureth for Ever" into this single token of thou affection. Do not be s nasty, my dear warrior: disclose thy power to each single dark place of Earth and take me in your arms. Let me sing for thy sleep, softly caress thy lips, fall asleep in the shadow of a cloud, wake up on the dark side of the moon. Survive, drive, jive... more than anything... Let me love thee, I pray thee... Please, do not refuse me.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

From Penelope to Ulysses

This is the first time I am going to quote a text in full, and yet, I feel as if I have the moral obligation to come to terms with it. This is for you, my postmodern warrior whose dread outstrips any courage of taking me into your arms, or even any wits to know me. You have yet to take in any of the words I write on this alternative parchment, embroidered with the venturesome enterprise of forging a new soul. A new Penelope should I venture to be? Absolutely, but my compromise is with the entrancement of a dream, crammed with ideologies and misunderstoods, but a promise that once fulfilled could have brought the upmost bliss: a dimention beyond mortal knowledge. However, you have chosen not to, my darling. The blanket in the night, the tea in the backburner, the sibilant sound of silence, you have made up your mind not to accept, not to venture, not to understand. Why? May I, a simple nun of fire and water, ask. I would have liked to tread the shores of Ithaca and had a chat with the gravels to which you stared, bleakly. Or crssing the barriers of time, glared at you in the crowds of the train, at the station of the metro, in the pale reflexion in the eyes of a child. Dearest Ulysses, do not bother to write, come yourself. This is plain, simple and clear, and yet, it comes from another poet, one whose words went beyond the myth itself. Come yourself, should I say, should I utter, if I may. I do, in a despicable act of despair ask for your forgiveness. Love is a passion of anxiety and fear, and just as your fright overlaied one of the most dazzling possibilities of true love, my craving for you prevented me from acting soberly, like a postmodern woman: one that does need neither men, nor love nor lap. Not true. I do, as I sip my hot coffe. I do as I wave my dreams good bye and embrace a screen of a million lights. I do, should I say? No way! If I may, may I ask you to chance your arm, bite the bullet, fill the stars? May I ask you to build another Trojan Horse and defeat the myriad of tears that have been falling from my eyes? Could I make things all right, my dear Ulysses. I beg you, forgive this pretentious amazon. Sometimes I stumble and fall, as I did a few days ago, but do not but me with any buts, just come yourself, without delay.
From Ovid's Heroides
Translated by James M. Hunter (follow link to ongoing e-Text)
by
Publius Ovidus Naso [Ovid] (43BC-18AD)
I: Penelope to Ulysses
Your Penelope sends you these words, truant Ulysses; It is of no use to write back to me: come yourself! Troy has certainly fallen, hated by the daughters of the Greeks; But Priam and all of Troy were hardly worth so much to me. Oh would that, when his fleet made for Lacedaemon, The adulterer had been obliterated by the raging sea! I would not have lain, cold, in my lonely bed, Nor, deserted, would I complain of the days' slow passing; Nor would the hanging web weary my widowed hands As I seek to cheat the endless night.
When did I not fear dangers greater than the real ones? Love is a thing which is filled with restless fear. I imagined the violent Trojans rushing upon you;I was always pale at the name of Hector. If someone told of
Antilochus* vanquished by the enemy, Antilochus was the cause of my fear; Or if the son of Menoetius* was killed in borrowed armor, I wept that guile could be without success. Tlepolemus* warmed the Lycian's spear with his blood: So Tlepolemus' death renewed my care. In short, whoever was butchered in the Achaean camp, Your lover's heart became colder than ice.
But a favoring god looks after chaste love. Troy is turned to ashes, with my husband safe. The Argive leaders have returned, and the altars smoke; The barbarian spoils are laid before our fathers' gods. The young women bear gifts of thanks for their husbands' safe return; The husbands sing of the fates of Troy defeated by their own. Just-minded old folk and trembling girls admire; The wife hangs on the words of her husband's tale. And someone at the table shows the fierce conflict, And paints all of
Pergamum* with a little wine: "Here the Simois* flowed; this is Sigeian land;* Here stood the lofty palace of old Priam.* There Aeacus' grandson was camped, and there Ulysses; Here Hector's mangled corpse terrifies the galloping horses."
For old Nestor told all of this to your son, whom I sent To look for you, and he told it to me. . . . My heart trembled constantly with fear, until it was reported that you rodeVictorious, with the horses of
Ismarus,* among friendly troops.But what did it profit me that Ilium lies ruined by your arms,And that what once was a wall is now level ground,If I remain as I remained while Troy stood,And my husband is kept from me to the very end?Pergamum is destroyed for others; for me alone it still remains,Though the victor settles and plows the earth with a captured ox.Now there is grain where Troy was, and crops ripe for the scytheThrive in soil enriched by Phrygian* blood.The half-buried bones of men are struck by the curving plow,And growing plants hide the ruined homes.Although the victor, you are still gone, and I am not allowed to knowThe cause of the delay, or where in the world you hide, cruel one. Whoever turns his wandering ship to these shores,Is asked by me many questions about you before he departs,And he is given the letter written by these fingers,To give to you if he ever even sees you anywhere. . . .It would be better if Phoebus' walls* stood even now -Alas! I am angry with my own inconstant prayers!I would know where you fought, and would fear only war,And my complaint would be joined with many others.What I fear I do not know - nevertheless, half-crazed, I fear all things,And a wide field lies open for my fears.Whatever dangers the ocean has, whatever the land,I suspect to be the cause of your long delay.While I foolishly fear these things, such is your appetiteThat you may be captive to a foreign love.And perhaps you tell what a country wife you have,That only her wool is not coarse.May I be wrong, and may this crime vanish in thin air,And may it not be that, free to return, you wish to remain away.
My father Icarius drives me to leave my widowed bed,And rebukes me continuously for my long delay.Let him rebuke me; I am yours - it behoves me to be called yours:Penelope will always be Ulysses' wife.But he is subdued by my loyalty and my chaste prayers. . . .A dissolute crowd, rush to demand my hand;In your hall they rule, with no one to forbid them.My heart, your wealth they tear apart.Why should I tell you of
Pisander, Polybus, and the terrible Medon,*Of the greedy hands of Eurymachus and Antinous,And of others, all of whom, because of your shameful absence,You nourish with the wealth of your blood?Irus the beggar, and Melanthius who drives the flocks to be eaten,Add the final shame to your ruin.
We are three in number, unwarlike: a wife without power,And the old man Laertes and the boy Telemachus.The boy was almost taken from me by ambush not long ago,While he prepared, against all their wishes, to go to
Pylos.*I pray that the gods command that, our fates coming in order,He is the one to close my eyes, and to close yours.The keeper of the cattle and the aged nurse aid us,And the faithful caretaker of the foul pig-sty is a third.But Laertes, who is useless in arms,Cannot wield power in the midst of enemies;Telemachus will come, if only he lives, to stronger age,But now he should have the protection of a father's help.Nor do I have the strength to drive the enemies from our halls.Come home quickly, refuge and altar for your own!You have - and will have, I pray - a son, who in his tender yearsShould have been trained in his father's skills.Consider Laertes: he holds off the final day of fateSo that you may be the one to close his eyes.At all events I, who was a girl when you left,Will seem to have become an old woman, even if you come without delay.
Notes
Antilochus - Nestor's eldest son.Menoetius's son - Patroclus, Achilles friend who is slayed in Achilles' armor by Hector. Tlepolemus - a son of Hercules killed in the Iliad by Sarpedon a son of Zeus who comes from Lycia to aid the Trojans.Pergamum - the citadel at Troy.Simois - a river near Troy, the river god with which Achilles battles.Sigeian land- near Troy, possible burial sight of Achilles, although the Odyssey has his ashes returned an urn to his homeland. Priam - King of Troy, father of the Trojan's greatest hero Hector, whose body is dragged around the walls of Troy after he is slain by Achilles.Aeacus - a son of Zeus, grandfather (technically great grandfather?) to Achilles.Ismarus - the land of the Cicones.Phrygian - allies of Troy.Phoebus' walls - Troy, whose wall was said to have been erected by Phoebus Apollo.Pisander, Polybus, and the terrible Medon - Curiously, although Pisander, Polybus, Eurymachus, and Antinuous, lead the fight for the suitors against Odysseus, Medon is generally seen favorably in the Odyssey and is spared.Pylos - where Telemachus sees Nestor.

domingo, 3 de agosto de 2008

Icarus

I wouldn't have gone as far as to say that you are a dream come true. Just a simple maze, a as time goes by stuff that stuffs my face with stiff suggestions I am a santified saint in swindler desguises. Leave me alone and pull all the stops to prevent this poisonous venom from reaching the last vain in my vanity valley . Pull all yourself together and shove off. You are an unwanted spirit that have been tormenting my soul and hackneying my mind. The rhythms are still here, the blisters are still here, but the capoeira circle has gone a bit too heavy for me, I have to learn more movements and fend for myself, there comes the ludicrous kick, instead of shunning from it with a boisterous dance, I go right to it, as if the pain would do me good and help me to transcend to another level: spirit level? I have to have a minimal knowledge of a joiner to build my house, out of the fire and out of the woods, out of my indentity. Who is me? I hold sway to the idea I am still a child chancing my arm at living, having a stab at dither and blather about a shadow of a dream once broken. Yes, this is the line of a song, I own up to confessing I am abject in my povery, but I am going to set my heart into constructing the little me, the small me that will grow and become one. Is that possible. Indeed! I am me, you know, Viviane, who writes poetry, who loves piano and classical music. Nice to meet you. Yes, I am Pulga, the flea that has been learning the hidden secrets of capoeira. My pleasure! Yes, I am Miss Annunciação, the one that works like a dog to pay her bills. Enchanted. But, far and more important, I am what I am: love and hate, body and soul, immaculate temple of pleasure and pain. I am me, do you want me? Would you care for me and take me in your arms? Would you understand the tasteless song of the blood mixed with the berimbau tune and rotten gravel? I highly believe you wouldn't. But that is immaterial, you see. Much of a mutchness that munch my stomach and punches my face. It's refreshing being punched. But it is also nice being on top of the hill in the beginning of the fall. Am I going to have wings? Always! I am ICARUS.

domingo, 13 de julho de 2008

Batizado

Sangue e sujeira, dor e morte. Não morri, revivi. A música completa um ritual sem regras. A regra é seus olhos. Embalada por sua voz, sigo em frente. Minha voz é falha. Nem percebo quando tocam a minha mão. Seu sorriso é tímido. Você, em sua infantilidade madura, guia meu espírito a uma nova estrada: será que há pedregulhos e espinhos nesse caminho? Francamente, a dor não é mais tão pungente agora, pois o afeto surge de momentos como esse: simples e dolorosos. Tristes e alegres. Sim, você é um sonho. Sim, você é também um sonho, mas não me é permitido sonhar nessa área de minha vida. Uma casa e um lar parece algo que só um milagre trará. Será? Mas, seus olhos me guiaram e guardaram de todo perigo. Não coloquei em prática o que aprendi: fiquei com medo. Outra mão me empurra e acaricia. Como queria sentir mais de suas mãos. Pareces tão simples, pareces tão carinhoso. Por que estás longe? Fechei meus olhos quando estava em seu abraço, não compreendo a razão de desejar o que não me é permitido: pé na roda. Quando entro o sol reflete minha sombra no asfalto: o cheiro de meu sangue se mistura com o seu olhar, queria que fosses meu padrinho... meu amante, meu amigo, meu filho. Não és, esquivo. Consegui. Chuto. Consegui. Queixada, não foi. Opa, olha a roda, vamos cantar coro, não deixa cair. Quando entrei, vi a sombra de uma guerreira. A temporalidade mudou, os olhos e os espíritos foram outros. Fiquei com medo, mas vi uma guerreira. Senti um frio em minha espinha que se multiplica ao escrever essas linhas. É tudo tão confuso, mas não estava ali. Estava ali naquele momento, mas não era eu: era essa guerreira que fui e quero ainda ser. Tomar as rédeas dos movimentos e, como uma pirueta, voar acima dos golpes e dos chutes. Quem disse que não é bom apanhar um pouco. Quanto sangue não foi derramado para a capoeira ainda estar ai hoje em dia? Sim, mestre. Litros intermináveis. Assim como as lágrimas da guerreira que ainda não se encontrou. Opa, o corte abriu.

domingo, 6 de julho de 2008

Primeira Semana no Jogo da Capoeira

Essa noite eu sonhei com o jogo da capoeira, estava todo mundo, não faltava ninguém. Capoeira é isso, capoeira é luta, um pode acertar o outro, mas se está na roda para jogar. Meu coração pulava a cada sílaba que saia da boca do professsor. Sim, sim, dizia eu enquanto a felicidade inundava meu ser. Tenho muitos erros, demoro para acertar o passo. Esquivo, tiro o pé, não era para puxar a perna, puxo, mas continuo. Capoeira é defesa é ataque, é luta de corpo, é malandragem. Vamos lá, Vivi. Vamos, não vou desistir. A cada ginga, minhas pernas doem mais, a cada agaixada, meus músculos parecem que vão entrar em colapso e deixar o meu corpo. Não deixam, eu contino. Vamos aprender outro? Vamos! Cocorinha, é uma esquiva. Ginga prá cá, ginga prá lá e desce. Pegou? Mais uma vez? Ginga prá cá, ginga prá lá e desce? Pegou? Peguei. Repete, repete, repete, saiu! Viva! Tá bom, hora de aprender outro. Meu Deus, será que vou conseguir? Não é fácil, já dizia Hemingway, não há nada que seja fácil nessa vida. Há de se vencer barreiras psicológicas, barreiras físicas e barreiras genéticas. Alguém, um dia, disse que ao fazer isso estaria indo contra a minha essência. Por que essa não pode ser minha nova essência? Uma nova identificação, um novo retorno às minhas origens? Estou extremamente subjetiva? Sim, estou. Essa nova decisão fez-me sentir viva novamente. Não havia reparado o quão dependente eu estava, o quão ridícula a procura de algo para completar a mim memsma, mas foi necessária uma roda de capoeira, uma semana de capoeira para devolver a essência que estavam proclamando aos quatro cantos do mundo que estava indo contra. Essa é a minha vida agora, viver de acordo com os meus comandos, de acordo com o som do berimbau. Trouxe-me à vida novamente, tirou-me da depressão de dois anos e esfregou em minha cara que devo me amar, amar a quem eu sou. É na aula de capoeira. É lá que me senti viva. Mais viva do que um exército rumo à batalha final, mais viva do que todos poucos felizes do rei, mais viva do que o homem ao ver o nascimento de seu primeiro filho. E sabe o por quê disso? Porque essa noite eu sonhei com o jogo da capoeira, estava todo mundo, não faltava ninguém. Obirgada professor P., obrigada amigo R., vocês são pessoas abençoadas por Deus, protegidas pelos orixás. Ajudam-me como ninguém, acreditam em mim mais do que mim mesma. Obrigada por ajudarem a me tirar da depressão. Obrigada por me mostrarem que a vida vale a pena, obrigada por me mostrarem que, quando se referem a mim como a professora brasileira, tenho mais é que ter orgulho. É ginga de corpo, é malandragem.

domingo, 15 de junho de 2008

Sweet Boy

A stepping stone rather than a destination, this is what my life is made of. Small choices that, at the end, make up a huge path filled with sorrow leaves. Sorrow? Not quite. Let me labour on that, for it is not really precise. There are times in which every each one of us feel that there must be something more, something more powerful than the sneer through which people stare at us. This is what came to happen to me the other day, when I was on the brink of losing all my single hopes in humanity and accepting my fait accompli of disillsioment, I looked back, not in anger, and found a gentle smile, a soft touch and a pair of sparkling brown eyes. Yes, I agree with you my friend, Heaven lacks, sometimes, the beautiful light that stems from a pair of brown eyes: they are not deceiving, do not have the debauchery glimmer, they do not say that you are wonderful and simply look the other way in search for a bigger bottom to satisfy its incestuous desire. They are pure, like the heavenly angel who was eager to announce the crack of a new down, a new lease of life. They have cured me, indeed. However, there's more to that: a soft touch and a passionate kiss. If only any lonsome lips could be touched as mine were, believe me, the world would be a better place. I was loved, even though it was not real, it was just to kiss the night away, but, the way he touched me made me feel important again. This is what I feel when I'm with him, how couldn't I have noticed such truthfulness in that sweet boy: you are, indeed, my sweet boy, my miracle I was waiting to happen. Sweet dreams, my dream, I may see you again...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Wisdom

Happy Birthday to me, happy birthday to me, you are such a good fellow! Thank you very much, all your polite words, combined with a sour taste of loneliness fits you so well. Thank you, this is indeed kind of you. I feel special. What do I wish? Let me see, apart from that cake that is still waiting for my bite and the coke that I've yet to sip, I quite believe I wish everything. There was once a poet who affirmed, who had the wits to affirm that, in spite of being no one, he had the greatest dreams on Earth. Go on, read, his name is Fernando Pessoa, but this was written under the name of Álvaro de Campos. True, very much true for me, someone born in the rotten core of Italian immigrant, working family, covered with dust and tar, adorned with the blood form those who have died on wars for independence and extravagance, hatred and exuberance. True, very much true for someone who is waiting for a Godot that does not arrive. Is he going to arrive? I don't really care anymore, I am free, as a bird, the next best thing to be, as the other English poet, Paul Mccartney sung. This one you probably won't have to read because you know "Yesterday" or "Hey Jude" by heart, or any other song. As I was saying, or telling, or talking. Anyhow, I was going on about the insufferabe life of a low class woman whose dream was finding someone. No, not a dream anymore, I have learned to be on my feet and love me. I am the center of my universe, my Alpha and Omega, so blokes, off you go and I am the centre of everthing: my culture, the interminable books I've read, the insane philosophical grab that fulfills pubs and empties stomach. Are you hungry? Yes, I am. I want more: I want a successfull life, cutting edge technologies, infinite knowledge and the blessing of God. I want to be a fraction of the divine power and emanate light to the edge of the world. I want to be your friend, your lover, your confident and, who knows what else. The beginning and the end, a new start, going back to square on... changes. Always for better, always for more, always for power. Fill me, oh great Lord, I believe you believe in me and give me all I ask of you: wisdom, beyond everything, beyond all power: PURE AND DIVINE WISDOM.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

I need that

You have hurt me to the quick, my brown eyes yell. You do not listen, do not want to. Why? Everyone has left and the theatre is empty. You take my hand and ask me to leave with you as well. But, nothing is more like that day you uttered I was marvellous: for what? For the ears? For the years that will never come, although I want them to, although I need them to. You have never run your fingers through my hair. You have never kissed me when I did not kiss you: you always received, you took everything and now I am empty. I do not know how to write anymore. I want you and all the tears of the wold fall. Will it stop? Please, make it stop. Come back with your fake smile, your silent words and nothingness. I need that.

domingo, 11 de maio de 2008

Screw

Like the clasping of a passionate lover, a flower turns its wings to the sun and follows the path of the stars that will definitely lead her to the milky way. A cow in a field blinks to a certain bug that bumps his head into a tiny gravel lost in the ground. The Earth breathes to the beat of the drums that keep on throbbing, bobbing, mobbing the lost souls of the Universe. While the movement fills out the air, I try to figure out the single particle that keeps on emitting love and affection, fancifulness and imagination, tenderness and more marvellousness than anyone. Will it be able to irradiate poisonous rays to the sun and make it bleed snails of desire? Nothing will ever be the same and different, because you are the beginning and the end to me, my hope and despair. Your hands were so strong when the screw hit the tip of your fingers every time you were on the brink of pulling them out. Divine pleasure the very thought of picturing something hurting you with all its strength and power: an objet, a rusty dangerous nail that reminds me of our interminable exchange of eyes colours and rainbows. Fishes swim in the room while your hands keep up with the hard work and your smile forever hidden to me. Music, here I go again, here I am again: I do not want to leave you, I have no desire to being nowhere far from you, but the sun? Remember the rays? Well, they are here every time I write. Maybe they'll warm my feet.

domingo, 27 de abril de 2008

Motorcycle ride

The wind blowing on my face, a million tastes of water on my mouth. The warmth surrounding my body, the wind playing tricks on my hands. Heaven and earth combined in a single unit of sound: butterflies swimming against brakish waters and fishes crossing the edge of the sky, filling the universe with a spawn of snails and saints. Holy gracious, I am sorry for getting a hendle of that, for being done in, for being done. I would die until the crack of dawn in the speed of sound, in the speed of ligh, yes. They do reflet the flickering ligh on my eyes, green, yellow and red, yes. The traffic jam is nothing compared to the sweetness of being so near you, so close to you in a single unit of soul, in a single star of universe. Yes, they do reflect the blinking flame of disguise and disgust and diswrought and everything that parishes and stay, a constant memory hammening and tonging my mind, being not able to be able, to be, to live and to die. Wonderful experience, my wont, being near you and forgetting that I have missions and tasks to accomplish, but this is a fait accompli: I have to hand it to you, I've fallen, too quickly, to pigheadedly, too green. I cannot help it, you are my mind, by body and soul. You belong in the wind, in the warmth and in the sun... in the wetness of the deers, in the claws of the falcons and in the eyes of the tiger. Lamb, little lamb, who has made thee? Who has made thou my sorrow and guilt. No guilt this time, no chains and tears, just the freedom of the wind against my face and the weight of you body against mine.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Yellow and Green

Your yellow eyes do not ask me more than that: a sweet touch, a tender kiss and a distant wave from afar. So simple, so plain, like the eternal stones that have been hanging on a deserted field, for so long, for so many years. Nothing will be the same because at the moment I saw them a glimmer of hope has crossed the frontier of all human reason and reached a metaphysical level where past, present, future and eternity are fit for a tiny little box of dreams and stars. Feeling the softness and hardness and the wetness of your skin still playing naughty and amusing tricks on my lips I understand what really matters in a world littered with hatred and paved by broken hearts and lost souls: yellow and green. Yellow because we need light, we need the simple warmth of the sun, setting our hearts into a motionless movement that imitates the path of the tears and reach the stream of sorrow. Yellow, because this is what I dread when I am with you, but, at once, this is what sets me into motion, the food of life that bring dear waves to my ears and equals my sorrow to theirs. Theirs... theirs... Green, I mentioned green because this is me, wet behind the ears, still learning to crawl before walking, still treading the crossroads of desire and painless sensations, where angels dread to go. Indeed having you by my side is an utterly obnoxious experience, for I lose control, getting grips are against all odds, but is so much I've got to take, as the song goes on and as the minutes pass. When you are far, I miss you, miss your eyes, what enchanted me at first and what killed me forever. Yet, having you touching my hands and fondling my face give me a thoroughly sentation of liberty and release of the sins of existance and past. No time, no space, no nothing. Just yellow and green, jealousy and inexperience, cowardliness and hope. Yellow and green are your eyes, but still, all the colours of the world are on them. I gaze your picture and gently smile, I am on cloud ninety thousand and nine: I can finally see myself reflected on them.

domingo, 30 de março de 2008


Lost

"If self is a location, so is love" so says the poet. Well, I'm still here, selfless and loveless. Is there a meaning for such a bizzare, bottomless, blotched, bloating pad I impress single lines of despair? It's been a way overdule long time since we last talked, and yet you remain here with a promise of a destiny to be fulfilled and a candy to be devoured. I know that the big bother whose dream is to ransform Planet Earth into a huge mass of pollution is watching you every mood, every sound, every fidget who are so dazzling in the light of the day. By the way, those glasses look lovely tonight. Of course, when you are not wearing them. They make you look old and wise, when you are, in fact, young and wet behind the ears. Strike, yes, strike, while the iron is hot. But leave a little bit of vodka in the bottle so that I can finish up with them. Yes, I want to break your heart, yes, but that is so easy, I just need to pick up that stainless left floating on the first weaves of early morning and nail it in my bossom, cut it open, let it bleed until there is nothing left to hide, except for the fact you have hit the nail on the head, you have captured my soul when I thought that would be preactically impossible. Sure, I want some tea! Sure I want some water. Sure I want some fuck, but do you feel them? Can you hear my voice echoing in the depths of the ocean? My fire on the verge of ewxploding. Stop throwing a tantrum, stop making a pig's ear of it, stop clattering, stop with the platter, stop! Turn around now and kiss me and make me forget everything. Make me forget that I have to make choices and follow this loveless heart. Come on, now. Look back. It's nothing but an empty heart wating to be fulfilled.
This is for you my firend, whose words and wisom is sorely missed.

terça-feira, 18 de março de 2008

Everything

I'm experimenting. Now. Language is leaving me. I want a Universal Language. Is it love? I don't know, you say it all with your eyes:

Lost, between past and future,
Lost, between summer and noon
Thriving and hungry to touch you.

In your eyes, a face as an angel
In your eyes, the sea as a rainbow
In your eyes I see, simply everything.

P.S. There's a melody that goes along with that... though it isn't ready.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Maria José de Jesus Aparecida

A mulher de meia idade cantava alegremente para uma pomba que havia parado na sua frente na tarde de sábado. Estava em frente a catedral da Sé, xiwiiiiiiiiiiiii, com vários outros seres humanos ao seu redor. Uns pregavam: hnã, cátálalarala, sim, sim? Hnã, hnã. Outros dormiam: zzzzizizizizizizizi. E havia ainda outros que não queriam saber de nada e somente namoravam, xsmajks, xsmajks, xsmajks, xsmajks, xsmajks. Mas ela, ela estava tão feliz por cantar para aquela pomba preta, sem vida, sem natureza. Por um segundo, ela conseguiu parar de cantar, e nesse momento, foi como se houvesse um realinhamento de possibilidades, o céu ficou mais iluminado, os seus ouvidos mais atentos, e o caleidoscópio de aromas que chegavam das barracas penetraram em sua corrente sangüínea. Sangue contaminado. De que? De amor. Para quem? Para a humanidade. Os seres que vivem nesse pequeno inferno são tão belos, que apenas o fato de amá-los já se torna uma contaminação para a boa moral da sociedade. Mas, enquanto ela acreditava que a revolução já acontecia dentro da sua cabeça, havia um outro menino brincando na nova praça re inaugurada. Ela o observa e o ama mais do que qualquer um, ela perdoa todos os seus pecados e vê que ele é a essência de tudo que ela imaginou algum dia. O céu continua a brilhar, e ela a cantar, a epifania cessou, não sua voz. Mas, por que o canto era subversivo? Ela ainda não entendia, só sabia que deveria continuar. Quem sabe a sua voz poderia penetrar em todos os cantos fétidos daquela praça adornada por árvores sem vida e por insetos vigorosos que vagueavam entre as calçadas emitindo sons como captuft u zinuoinhing. A música é um bem precioso que todos deveriam possuir, e eu sou aquela que posso doá-la para a humanidade, esse imenso mundo de cores e aromas necessita das minhas notas provenientes de meu amor, ela falava tudo isso para a pomba, enquanto todos que passavam riam da sua cara, e zombavam de sua roupa rasgada, do casaco roxo com algumas traças comendo o resto de fibras ainda vivas, de seu cabelo branco e preto preso com uma fivela azul em forma de flor, de seu broche marrom em forma de azaléia. Tudo era motivo de riso para as pessoas que vendiam, passava, corriam e viviam ao seu redor. Para ela, a única verdade era o cantar para aquele pombo e observar, de piscadela, aquele menino correndo na praça nova. Foi quando ela fechou os olhos e começou a caprichar nas notas mais agudas, que o menino chegou perto, espantou a pomba e arrancou a sua bolsa. Ela começou a gritar tão forte, haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, que todos riram mais ainda, tava cantano dizafinhada e agura besrrava, ela gritava e gritava e gritava enquanto o garoto fugia com a sua bolsa. Ele parou em baixo de uma das escadarias da faculdade de direito, e ao abrir a bolsa, chorou muito, chorou mais que tudo e largou a bolsa preta com florzinhas brancas lá mesmo. Quando voltou para praça, a mulher já não estava mais lá, só o aroma forte de naftalina contaminava o meio ambiente. Tudo isso numa tarde de sábado.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

José de Arimatéia

O menino de pouca idade contava o dinheiro que havia recebido dos gambé lá da praça. Ele fazia uns serviçinhos para eles de vez em quando, engraxava umas botas aqui, comprava umas coxinhas ali, e os cara era legal, de vez em quando até sobrava uns salgado pra mim, gostoso, melhor do que a farinha que a mãe fazia com feijão cheio de bicho. O dinheiro já não tava dando para nem compra comida, e faze esses serviço pros gambés é tudo que eu tenho. Sabe? A praça tá bonita... Tem uns pessoal morando aqui, mas minha mãe não quer deixar o barraquinho lá na zona leste, e eu, tenho que vim todo dia pra esses canto aqui faze esses serviçinho, por que eu não podia se transformar-se num douto como aqueles que eu vejo passarem da aqui, com uma roupa limpa e óculos escuros? Nossa, era tão chique! Uma vez ele pediu par o moço comprá um pra ele, mas o moço comprou um milho e um pedaço de abacaxi. Tava bem gostoso, e eu tava com fome, mas eu queria mesmo o óculos, sabe? Prá ver se ficava inteligente, se aprendia fala, se aprendia a sê mais importante, se aprendia a ser gente, se ficava mais humano. Que é isso tudio que eu tou falando? Tem uma dona ali olhando para uma pomba e para mim. Que que ela quer cantando para a pomba. Só pode ser louca. As roupas roxas brilhavam ao som da sua voz. O menino, andava para lá e para cá a procura do que fazer quando surgiu na sua mente a idéia de que ele poderia pegar alguma coisa daquela mulher para comprar os óculos escuros. Ele nunca pensou que poderia roubar alguém, mas aquela mulher não era nem ser humano, aquele cabelo sem cor, a pele sem vida,. Ela era mais parecida com as barata que rodeava o barraco de vez em quando. É isso, se eu roubá uma barata, eu não tava robando, eu só tava fazendo um gosto meu. Mas como eu posso fazê isso se ela não para de fica com aquela música idiota para a pomba. Ela fica dizendo umas coisa sem sentido, e volta a canta um tal de cálice, de vinho tinto de sangue. Que que é tinto? Não importa, eu vou ficá olhando essa velha até que ela para de canta. Ela tá me olhando. Será que reparou que eu notei que ela é uma fumaça que deixa a praça mais feia, agora que arrumaru a praça? Ela fechou o olho, e ele correu. Correu mais do que uma bala a procura do peito de um bandido sujo, ou da cabeça de um menino inocente. Ele pegou a bolsa e correu, por toda Benjamin Constant em direção a faculdade de direito. Ahe, agora vou comprá. Quando ele abriu a bolsa, não tinha nada, só um bilhetinho, que ele não conseguiu ler porque não sabia ler. Ele chorou, chorou chorou muito, chorou mais que tudo e largou a bolsa preta com florzinhas brancas lá mesmo. Quando voltou para praça, a mulher já não estava mais lá, só o aroma forte de naftalina. A mulher, andou até o ponto de ônibus e tomou o Praça Silvio Romero em direção a sua casa no Tatuapé. No ônibus ela se lembrava que a única coisa que a deixava desumana era aquele bilhete roubado, e escrito em 1972 por seu primeiro e único namorado, José: “‘Tu és divina e graciosa, estátua majestosa, do amor, por Deus esculturada’, mas eu não posso casar-me contigo, pois Maria, minha vizinha, está esperando meu filho e preciso cumprir com o meu dever. Seu, José”. Ela ainda amava o menino, e a pomba, e a humanidade dos desumanos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Azul

... Ave maria cheia de graça, o Senhor é convosco... espadas ao fundo oferecem à cena o azul do universo... Bendita sois vós entre as mulheres... os raios solares brilham através dos ramos de oliveira ao fundo... Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus... pode-se ver uma piscina atrás dela, essa imagem pertence aos jardins gregos... Santa Maria, mãe de Deus... O dia irradia como olhares de amantes cálidos, inebriados pelo prazer da primeira paixão... Rogai por nós pecadores... Angústia, dor, está doendo, pára, por favor. Não consigo mais... Agora e na hora de nossa morte... Não, não deve ser isso... Amém... A moça tem cabelos loiros bem compridos. Estão presos em uma trança, de lado... Ave maria cheia de graça, o Senhor é convosco... seus olhos, de um azul turquesa intenso... Bendita sois vós entre as mulheres... Seu vestido tem pregas e é, igualmente, azul. O decote, um babado branco, de renda. Será mesmo a Grécia?... Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus... Ela sorri, seus dentes são limpos e brancos, sua áura, feliz. Nunca vi tanto prazer reunido em uma só pessoa... Santa Maria, mãe de Deus... Movendo suas mãos para cima, ela coloca as mãos em seu rosto, e ele, sorri de volta... Rogai por nós pecadores... As pequenas mãos contrastam com o rosto forte e másculo do homem... Agora e na hora de nossa morte... Seus lábios se selam como em um beijo, mas ele envolve suas mãos com as suas. Parece tão irradiante. Não é possível não amá-lo... Amém... Parecem que estão em um momento de cumplicidade... Ave maria cheia de graça, o Senhor é convosco... Compreendo. Ela e ele, um filho, um futuro, uma casa cheia de cores do arco-íris... Bendita sois vós entre as mulheres... Ele mira seus olhos azuis, os seus, tão castanhos, conotam um futuro verde, um filho homem, loiro, de olhos castanhos... Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus... Ele iria ensiná-lo a lutar, a ser um guerriero, como ele... Santa Maria, mãe de Deus... Ele iria tomar conta dela, cuidar para que nada acontecesse no parto, para que ela não sofresse... Rogai por nós pecadores... Tomar cuidado para que ela não desse a luz a um filho enforcado pelo próprio cordão umbilical... Agora e na hora de nossa morte... Precisava cuidar de sua dama, mais do que a si mesmo. Ela e seu filho, o futuro, a paz. Amém. Faça parar! Lágrimas, angústia. Está doendo. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres. Bentito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Choro, está doendo. Para. Ela está feliz. Não há como não amá-la. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. Agora ele está morto, enquanto eu sinto toda a dor. Toda a angústia. Toda a vontade de se assassinar. Tudo. Morto. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres. Bentito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. Como se fosse um flash envolvendo meus olhos, sei que sou eu mesma. Sei de que lugar o conheço. Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres. Bentito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. Sei tudo. Senti tudo. O que isso significa?

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Vermelho

Vermelho, talvez seja a luz amarela incidindo contra o já velho carinho de pipocas que fez daquele dia particular um momento memorável.
Talvez seja o brilho nos olhos da luz de uma criança que tenha tingido de alegre o cinza da tarde derradeira.
Na verdade, acredito que o Universo tenha algumas razões recônditas para revolucionalizar a reacionária razão humana.
Durante alguns dias, de vermelho, algumas horas foram tingidas. Parece-me que um pouco daquele aroma melado, misturado com os abafados gritos e as longas gargalhadas envolveram minutos diminutos de duradoura dor.
Curas, prodígios e milagres foram presenciados por uma penitente que ousou tocar no manto purificado por sangue.
Ou foram ovidos os sons das lágrimas de uma mulher que esperou por mais de vinte anos a volta daqueles que denominavam o astucioso?
Um dia, ouvi dizer essas foram levadas para o mais distante relicário da terra dos vivos. Não conseguem ser encontrados pelo Coração de Leão, nem pelo Fogo do Dragão.
A verdade é que estariam pendurados na teia de era plantada acima da cama daqueles que pretendem afastar o pesadelo trazendo para seu leito seus medos, suas dores, seus pavores, seus amores. Dançaria enquanto o mundo gira ao som da roca de fiar, da mancha que não para de nos engolir.

Dói assim? Sim. Infelizmente. Dor? Melhorou, não sinto mais nada.

Vermlho, talvez seja a luz branca incidindo sobre a blusa cravejada de rubis que fez daquele minuto uma pequena eternidade.
Talvez seja o brilho nos olhos da luz de uma mulher que tenha tingido de triste a dor daquela manhã primeira.

Ainda dói. Bendita és tu cheia de graça. Sim, sim, conheço essa parte. Agora podes curar a metáfora? Não: vermelho.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Experimento

Para a amiga Divanize que anda inspirada por temas clássicos.

a primeira coisa que surgir em minha mente irei escrever sem me preocupar se serei ouvida ou lida ou percebida ou amada enquanto olho a pequenina aranhinha que tece uma teia bem fininha no teto de minha sala lembro-me das moiras que tecem nosso destino sem dizer onde vai dar com quem vai dar e por que vai dar mas tudo é tão bonito quando se pensa na hisória de psique e de eros o quanto um lutou pelo outro a força dessa menina em desafiar a grande deusa do amor amando odiando salvando morrendo e deixando tudo morrer como aquela vez em que antígone acreditando que poderia ser mais que o grande governante enterrou seu irmão e pagou o preço daqueles que vão contra a maré do confomismo ou daqueles que falam falam falam e não fazem nada isso mesmo adoro a antígone bom você trazer ela para sua discussão quem tá ai sou eu que quer quero participar desse experimento muito bem você pode estou olhando aquela aranha não vejo aranha nenhuma vejo uma barata cavando sem alarde quer se encontrar com seu mentor hermes entendi vai com os ventos embora ah não estava gostando da baratinha nada pensa agora na medéia essa é boa né quando ela matou os seus dois filhos para provar para jasão que seu reino estava apenas começando e ifigênia então uma maravilha quase foi morta mas acabou transformada em ninfa de diana será que esses mitos são de verdade eles foram escritos há tanto tempo atrás e mesmo assim adoramos saber mais sobre eles fazer paralelos com sua vida do que vocês tão falando quem é você sou vocês e tem mais algumas pessoas que estão comigo posso deixar entrar sim pode tudo bem olá sou eu nossa quanto tempo estou encantada com essa fada tecendo encanto no seu teto é uma formiga é uma joaninha ruínas gregas colinas de apolo baco de terra vinho tem vinho dá sono isso é com morfeu mas e o orfeu que é o grande poeta pode entrar catulo não paga nanananananananananananananananada!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Pode Eurídice tornar-se Diana?


Para meu amigo Tone... Tune... Who pays the piper...
Sírius, fiel servidor do amor e da morte: gentil testemunha da vaidade sem sorte. Do punhal cortante, da flecha errante, da dor sem medida. Constelação de Órion, gigante com cinto e espada, cercado de servos, condenado à solidão. Cenário triste, mitologia lúgubre, conto macabro de amor, de ciúme e de poder. Seria fácil acreditar que somos fracos perante a nuvem de fugacidade que insiste em banhar nossas cabeças de uma chuva constante e sem tréguas. Seria fácil associar a diáfana utilidade dos relacionamentos ao consumo, à sociedade de classes, ao desespero, à mercadoria. Seria muito fácil seguir a maré, atirar na mancha que não se vê e assassinar o que mais amamos. Entretanto, nos privar das brumas e da impotência dos afetos é desumano, os seres, ao se olharem, se destróem continuamente, vêm-se refletidos uns nos outros, amam narcisticamente uns aos outros, odeiam-se e culpam uns aos outros pelos fracassos. Como dois gêmeos que lutam pelo poder do amor da mãe, como dois cavaleiros que disputam o mesmo Graal. O eclipse da lua cega os olhos do amante, sem vê-lo a assassina dança para a lua, inebria-se com a falta de seu amor, ensurdece seus ouvidos para o canto de Apolo: seu Neoptolemus? Seu Creonte? Seu Édipo? Tudo que é de vil e torpe penetra em sua constituição: a covardia, o orgulho, a cobiça e o desafio. Não existe misericórdia, muito menos concórdia, existe uma fonte barrenta de barulhos, ruídos e dentes cariados. Larvas apodrecidas, mel silvestre, gengibre desfolhado, sal desidratado giram ao seu redor formando uma nuvem de beleza, tudo é tão tântrico, tateado, testado e tratado... como um nada que se corrói e renasce. Nessa fonte eu brinco ao seu lado quando mata Actaeon, apavoro-me, de fato, mas sinto prazer em ver sua masculinidade, deveramente frágil, mutilada por caçadores. Caça, presa, Agamemnon e Ifigênia: linda, mas tola, serva de homens crués. Presa fácil daqueles sem amor, carne crua sem crer que será cindida pela reação neurótica da paranóia utilitária? Recorda-se do utilitarismo? Pois bem, sabes que és carne e da carne voltarás.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Vale de Lágrimas


Angústia, raiva, dor e desespero: estrofes de uma contínua balada rumo ao caos. Desespero, dor, raiva e angústia: motes de uma vida solitária cujas aspirações chegam ao infinito. Dor, dor, dor é o que sinto nesse momento. Sinto ao lembrar-me dos momentos tão plenos, tão vazios que passamos juntos. O amor é assim mesmo, não se mate. Já matei um pouco de mim mesma ao tentar esquecer-te, colocar de lado os sonhos e as ilusões que pensei serem possíveis ao seu lado. Mas, dói, dói, dói a memória de nós dois: cabeças enconstadas, lábios entrelaçados e êstase feliz. Por que acabou? Sinto sua falta enquanto os sons dos tique tique devagar nas teclas de meu teclado teimam em tentar traduzir o que é estar sem ti. Lágrimas banham minhas mãos melancólicas de melodias magistrais para um maestro magrinho, franzinho. Ratos saem de minhas entranhas, gordura de meus orifícios, paixão de meus ouvidos. Nessa balada estranha de tons atonais, de frases desfraseadas, de fatos factuais e fantasiosos, o mundo torna-se a minha própria Rapsódia de desespero, raiva, dor e angústia. Quem sabe se houver uma mudança de eixos, talvez a lua a se aproximar de Vênus, Marte, desviar a rota de minha tragédia... quem sabe eu possa ser tão bela e tão atraente que as flores do campo invejarão minha beleza num dia de verão... Por enquanto espero, "bradando, gemendo e chorando nesse vale de lágrimas".

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O Passado

Dói muito quando o futuro carrega o mar.
não sei se o mar ou o continente, mas a vida
interia passa pelo verbo sem cachaça.
Eu não consigo mais dormir,
nem mais cantar, só sei de nada.

Quando o passado olha para mim, vejo nada.
Benjamin estava errado, tragédia nada.
O vazio tomou conta de tudo sem vida.
Mas a vida não está contida no nada?
Então, eu preciso daquele Ângelus Novus.

Onde está Paul Klee, onde está meu Debussy?
Foi tudo em vão? Valeu a pena, sei lá Deus.
Eu quero a insalubre água para me lavar,
quem sabe vão poder me chamar de boazinha,
Ou vão me condenar... eu já me acostumei.

Eu quero ter tempo para inventar um poema
daqueles que fiquem bem bonitos, com rima.
Mas o anjo não deixa. Vai embora, sai!
É difícil quando ele gruda na sua mente.
Ele não te deixa em paz. Eu quero chorar.

Eu respiro fundo e deixo a casa de vidro.
Com panelas de fumo eu quero comida.
Eu quero minha vida, amor, piano.
Quero voltar a rimar, ser a mais bonita,
mas o continuum quer que eu cruze o continente.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Pianista do mar

O mudo pianista surgiu na praia da Inglaterra.
Pudera! Aqui no Brasil não tem suficiente terra.
Ele estava só na praia, com um terno velho,
Pediu para tocar por meio do desenho.
Tocou, bebeu, viveu!

Agora ele está no sanatório.
Tadinho do pianista sem voz,
porque ele fala pelas mãos.
E nós, falamos em bestial vão,
o que merece não ser ouvido.

Eu quero o pianista mudo, para alegrar meu dia,
quem sabe se nós tivéssemos suas mãos,
poderíamos entender as ondas do mar.
Mas, ele apareceu lá na Inglaterra, e com a Rainha está.
Eu não quero mais chorar, nem ver as ondas do Tietê.

Lá no Municipal, há vários pianistas nas escadarias,
eles deveriam ser artistas, mas são arteiros.
Não tocam com as mãos, mas com a solidão.
Eu quero o pianista do mar, para acabar com a morte.
Mas quem sabe, esse músico não veio do ar?

sábado, 19 de janeiro de 2008

Universo

A garota saiu mais cedo do serviço, precisava chegar cedo. Cedo aonde? Precisava descansar? Por quê? Precisava viver. Qual é o motivo? Precisava ser feliz. Mais essa agora! Quem inventou isso? Mitos são inventados para fazer o mundo cambalear no universo e, como um cão sem dono no asfalto, repousar à sombra da lua que cobre o sol. Milhões e milhões de universos, galáxias, planetas, e eu aqui nessa terra? Com subdesenvolvimento, com hipocrisia, com dor e doença. Com feto e fúria. Sem amor e carinho. A desunião faz parte. Parte do que mesmo? Corre para pegar o ônibus que vai para o Pq. Dom Pedro II. Já estou atrasada. Para que mesmo? Não lembrava, as sombras das pessoas que habitavam os assentos e a sombra dos indivíduos que estavam de pé fazia com que todos parecessem uma pintura impressionistas. Manchas, gotas, pingos, supérfluos, inquietos e infelizes. Por que eles tinham de estar aqui? Precisavam estar em um outro lugar, viver uma nova vida, saber o gosto bom de um livro. E livro lá se come? Come nada! Por que precisamos deles então? Ah, vagou um assento. Ufa, que bom sentar um pouco, mas eu não deveria ceder meu lugar para o senhor que está parado ai do lado. Quer sentar? Fica tranqüila. Tá bom. Então, está tudo acontecendo, a história do universo não é como conhecemos, deve haver outros planos, outras dimensões, outras camadas de energia que ultrapassam esses míseros átomos que nos ensinaram. Ah, tá bom. Ah, para de viajar. Putz, o trânsito tá paradaço. Queria um chocolate para sentir o gosto amargo da vida. Que vida é essa? Essa viagem, essa coisa absurda. Nossa, um leão marinho, ele está cruzando a Consolação. Que ele quer aqui? Ele é até que bonitinho. Como ele está em frente à igreja despedaçada pela reforma, vai ver que ele apareceu para nos lembrar da existência das coisas boas. Mas o que é bom mesmo? Como definir a essência de uma coisa tão vaga? O leão vai embora, vou chamá-lo de Shakespeare: um ser que é e não é ao mesmo tempo. Uma perfídia sem ser mulher. Logo mais apareceu um rinoceronte na frente do teatro municipal. Que coisa macabra. Esse nos lembra da cultura, e como é chato viver sem as notas repetitivas de Mozart, Chopin... Nossa, a esse darei o nome de Ludwig. Gostei! E por último, em frente à faculdade de direito, tem um minúsculo rato. Sujo, preto, desbotado. Repugnante, desprezível e mau cheiroso. Vai embora que você me enoja. Que bom! O terminal não está tão cheio. A moça desembarca no ônibus de trás. Nem vi o nome desse. Ela vai embora, sem notar que, nas costas, um começo de rabo estava nascendo. Um rabo fino e nojento.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Saudades da Poesia

Como um rio seco que se exauriu de tanta água, como uma bola de neve que morreu de tanto frio, como uma pipa que caiu por causa de seu medo de altura, estou aqui, sem falar, sem cantar, sem tocar, sem sorrir. Toda a vida se resume a uma imagem: o rato. Dizem, os chineses, que esse é o seu ano: não haverá guerras, será um período tranqüilo, de decisões pacíficas, de mundo pacífico, mas será que alguém é pacifico? Vejamos: Ronaldo é um moço belo, com todos os atribuitos de sua idade. Beleza, inteligência e astúcia são predicativos que o definem por dentro e por fora. Pois bem, outro dia quando estava em frente à Faculdade de Direito, bem no Largo São Francisco, lugar do qual se orgulha muito por sinal, é apaixonado pela carreira escolhida. Pois bem, onde estava? Já me esqueci? Perdoe-me! São os lapsos de uma Era em que a condição de tempo torna-se arquetípica. Estava lá ele em frente à estranha estátua do casal de beijando quando alguém chega para ele e pede:
Me dá um cigarro
Deixa disso camarada,
Dizem todos os dias,
Da nação brasileira.
Ronaldo desconfiou pakas porque conhecia o poema de Oswald. Mas por que esse camarada quer que eu lhe dê um cigarro citando poemas? O homem era uma mistura de tempos, mais baixo, mais gordo, mais bem arrumado, mais desleixado. Sem perfume, perfumado, enfim. Você já pode imaginar o que deu. Não? Nem eu, o aspirante a promotor não tem boa índole e começou:
Eu insulto o burguês!
O burguês-níquel, o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Não é de se espantar que nosso amigo tabagista ficou perplexo ao ouvir isso. E bem ali, ao meio dia da cidade grande, os dois começaram a perder suas tintas: enquanto Ronald via suas lindas madeixas se desfazerem, o nosso personagem ria feito um camaleão cansado de casar. Começou a desaparecer também. Agora estão ao meu lado, cantando Oswald, Mário... mas, engraçado.
Ninguém lembrou-se de Drummond. Então, vou recordar:
Preso à minha classe e a algumas roupas,
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
Posso, sem armas, revoltar-me'?
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
Vomitar esse tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema
resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais
e soletram o mundo, sabendo que o perdem.
Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados.
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.
Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvoe dou a poucos uma esperança mínima.
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor.
Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
Ronaldo não é pacífico, o chinfrim também não. O fato é que há um ódio em toda poesia, em toda a canção em toda a palavra. Os anos nunca serão tranqüilos, a humanidade é ainda torpe, todos se desfazem em busca de um nada para preencher suas vidas. Comida? Sim, se o alimento da vida é poesia, é rato e lama, dê-me o excesso de tudo, que o apetite adoeçe e morre.

domingo, 13 de janeiro de 2008

O Amor (homenagem a James Joyce)

Em um segundo, sim, como aqueles dos quais as, sim, fadas falam, sim, quando, sim, contam alguma história de amor que, sim, durou para toda eternidade,sim, sinto-me como uma árvore, sim, recém plantada, sim, recebendo a mais fresca chuva, sim, de um final de tarde, sim. Meu rosto, sim, se assemelha a uma pétala em brasa, sim, tocado por brando fogo de vulcões, sim. As mãos tão trêmulas, sim, como uma fração da estrela marinha, sim, cujo amor pelo mar a faz reconstituir-se, sim, a todo instante , sim, em que é despedaçada, sim. Tess tocada por Anjel, sim, Liz apaixonada por Darcy, sim, Aurélia perdoando Fernando, sim, Julieta entregue a Romeu, sim, Heloíse seduzida por Abelardo, sim, e, finalmente, sim, Isolda perdida por Tristão, sim. Retorno, sim, a outra época, sim, em que provavelemte fomos tão felizes, sim, como agora, sim. Eu sim, me entrego a ti , sim, e amo-te, sim.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Cabelo ao vento

Já faz tempo vi você na rua. Estava no ônibus: o dia estava ensolarado e a cabine abafada. Meditando em meus sonhos, mirando a mancha de gordura ao longe, admirando os ratos. Ouço conversarem, cê vai trabalha e'um luga muito bonitu! A Praça da Sé é bonita. Não olho para trás para não chamar atenção, mas continuo ouvindo. Por quê? Não sei! Ah, pai, aqui é tudu muito bonito, sabe? Não vou voltar para casa não, quero comprá u'a casinha, arranjar u'a mulher e ter um bando de fio Rararará... Isso qué vida... Piuiiiiiiiii... choc, choc, choc.... ihhhhhhhh. Sai da frente, rapá. Vai te catar, seu babaca! Filho, não é assim, também, sua mãe precisa da gente. Trago a mãe, os irmão e tuda curriola para Sum Paulo. Isso é o que me faltava, mais gente com resíduo de sonho. Olho para trás, o moço é loiro, com os cabelos cacheados como os de um anjo. Seus olhos são do mais puro azul. Seu pai, mais mal tratado pela vida, tem uma pele queimada de sol e seus olhos castanhos são emoldurados por uma série de rugas que lhe dão aspecto de mais velho. Estão perfeitamente arrumados: calças sociais, camisas brancas e azuis, honestidade, integridade e trabalho. Até quando permanecerão intactos? Até quando essa fonte de candura que os envolve permanecerá intacta. Choc, choc, choc... Ruuuuuuuuuuuuuuum... ihhhhhhhhh... Biiiiiii... Biiiiiiiii... Rrrrrrrrrrr. Pai, onde é qui o Sinhô vai trabalhá? Prá mi é difíci, tou velho e as empresa qué moço novu, c'idéa nova, c'expiriência, cê pode. Pode aprendê computadô e fazê facudade... mai, vô vê se arranjo um negócio prá despois voltá. Sintu falta da tua mãe. Crack... quem quer ovo, banana, limão?! Qui bom, pai. Num gostu de pinsá nela suzinha. Chegemo. Olha o teu ponto. Saem, não param de falar, estão na Quintinho Bocaiúva, seguindo em direção à Sé. Fico ali, sentindo-me ingrata por não ter a mesma esperanças dos dois homens, de não acreditar, como eles acreditam, que o futuro pode e deve ser melhor. São a prórpia dialética hegeliana, piora daqui, melhora daqui, e bola para frente porque atrás vem gente. Sigo até o Parque Dom Pedro, entro em outro ônibus e vou em direção ao mundo da ilusão, pensando que vivo diferente dos meus pais...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Esperança


Tudo é caos...

Tudo é cãos.


Mas, além da nuvenzinha do Nada.

Logo após a poçinha do Vazio,

existe o amor.

Exite a esperança.


Existe um sonho.

Que nunca vai passar (?).

domingo, 6 de janeiro de 2008

Resíduo de Sonho


Ando! A rua não acaba! Paro! A rua apresenta um fim: fim? Finalidade? Estou em frente a uma grande loja de departamentos. Já não é mais Natal, já não é mais Reveillon: o tempo retornou àquela mancha gordurosa de miséria em que as pessoas sujam-se mutuamente umas com as outras. Sintaxe sem sentido! Não faz mal, para quem assiste novela do Manoel Carlos, está valendo. Quem? Pode repetir? Estou em frente a uma... Não essa parte. Não quero saber disso, o autor da novela. Quem é? Bebeu, cherou, morreu. Já nem sei quem mais é: todos são iguais, as mesmas frases feitas, os mesmos clichês, as mesmas vidas que poderiam ter sido e não foram. As mesma vidas que penetraram na alma daqueles objetos em liquidação: TVs digitais, telefones celulares, best-sellers, shampoos, cremes para celulite, armários, fornos de microondas, etc. Uma infinidade de almas se agregam a minha e, com isso, posso ser o que eu quero, uma mulata escultural, uma loira com cabelos lisíssimos, uma pequena empresária, uma eficiente secretária, uma médica dedicada, uma dona de casa com habilidades instigantes na cozinha, uma prostituta que se casa com um alto consultor de Nova Yorque: alguém que está por dentro de todos os Segredos para ser feliz. Eu posso ser o que quero, eu faço o que quero, eu sou o centro do meu universo, eu sou o princípio e o começo: uma nova Alfa e Ômega. Como posso ser tudo? Desejei tornar-me uma mercadoria em exibição: tirei tudo aquilo que me definia como sujeito e mergulhei no meio daqueles milhares de produtos. Mas, logo tomada a decisão, o que poderia eu ofertar aos consumidores? Não reproduzo músicas, não canto, não toco, não exibo, não mostro sonhos: sou um resido, como um rato no meio do caminho. Então fiquei, esperei, chorei. Vi quando todas as mercadorias se esgotaram e sobrou apenas eu: ninguém quis aceitar a minha oferta. Não estava caro, era apenas 1 sonho! Ninguém teve coragem de me levar para casa por um sonho. Olha o drama, prá que começar com isso agora? E eu que pensei que você iria oferecer algo bonito, uma esperança, um abraço, um sorriso: você ficou esperando um sonho? Deixe-me terminar. Não, é muita balela. Vou embora. Tchau. Novamente estou sozinha recordand0-me da cena: as pessoas passavam e riam. A sensação de ser vítima do escárnio das pessoas é tão humilhante. Olhavam meus dentes, falavam que eram mal escovados. Olhavam minhas unhas, falavam que eram curtas demais, compridas demais, brancas demais, vermelhas demais. Olhavam meu cabelo, meu corpo, meus olhos. Não havia um item que todos apreciavam, todos eram depreciados igualmente. Nesse momento, uma menina, quase como num conto de fadas, mostrou-me um espelho. Olhei fixamente no espelho e, para minha surpresa, não havia reflexo, vi uma luz azul esverdeada, como um resíduo de sonho, um começo de esperança. Sai de lá. Troquei meu nome, meu telefone e agora sou isso: alguém que não está a venda! O que será de mim? Não sei. Pergunte para a moça que foi embora no meio.