terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Imaginário do Real


Enquanto andava pelas ruas do mais imaginário do real, descobri uma mancha de gordura. Parecia uma mistura de óleo de cozinha e fuligem, algo como os nossos olhos quando embreagados de sonhos, ou embaçados por alguma cena de violência. Violência? Desse ponto verde, ou seria preto? Desculpem o lapso de memória, mas não me recordo a cor do objeto não identificado que apareceu na esquina do Imaginário, logo após o Simbólico. Mas, qual seria o ponto a ser tratado em tamanha falta de cabimento? Sim, a violência, agora recordo-me. Desse nojo mumificado em gel, saiu uma arma. Ela era até que bonitinha, tinha o cabo de metal, e as balas eram de pratas. Êeeeeeee, clichêzão, einh? Não sabe falar de armas não fala. Tudo bem, tudo bem. Onde parei? Recordo-me, da mancha de gordura. Não!! Da arma. Mas, dissestes que esse é um tremendo de um jargão. Clichê! Deve ter lido muito histórinhas de lobisomem. ou de vampiro, ou de heróis. Todas essas coisas que a máquina dos sonhos reproduz nos filmes. Se não posso falar de armas, falarei do sangue: esse óleo, com fuligem transmuta-se em sangue e toma conta da esquina. Crianças choram, cachorros róem suas prórpias patas e adultos começam a lamber uns aos outros. Enquanto isso, uma nuvem de ácido aproxima-se de um sol de mercúrio, criando uma cena fantástica, todos os seres fundem-se em uma massa esverdeada, as crianças ganham patas de cachorros, os adultos torna-se um misto de gotas de chuva ácida com braços de bebês. O mundo se encerra em uma grande bolha de sabão. Que é isso? Patético. Não sei o por quê você não gostou? Acha que sua vida tem sentido? Acha que estão se importando se seu estômago dói de fome, ou seu coração palpita de amor? Tudo é sangue e essa é a única realidade nesse mundo imaginário. Talvez se fizesse algo. Nada. Os seres amorfos gritam, e do meio de seu pavor sai um canto: A Nona Sinfonia de Beethoven.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom, Vivs! Continuo achando que vc está falando do super real, do mais que real, daquilo que realmente importa. Esse fluxo ininterrupto de imagens vai conduzindo a gente a ver o real de outra forma. Continue postando. Ah, gostei também que você aumentou a fonte do texto.